viernes, 27 de abril de 2012

Mania de doença - Hipocondria



Todos nós conhecemos uma pessoa que frenquentemente consulta o médico para poder confirmar se tem alguma doença grave, se tudo esta bem com sua saúde e que após a consulta continua com a idéia de que algo não esta bem mesmo com o parecer médico de que sua saúde está perfeita. Assim, diante dessa negativa, volta a procurar um médico, um novo médico o qual possa fazer o diagnóstico , já que o anterior nada encontrou e os “sintomas” estando ali tão presentes e de fácil visualização.
Diante dos comentários e suspeitas de doenças, aliados a tantas visitas médicas, dá pra desconfiar de que algo realmente não vai bem, porém a doença pode não estar localizada nesses sintomas averiguados pela própria pessoa e sim em outros relacionados a sua saúde psicológica.
A hipocondria pode ser conhecida popularmente como uma “mania de doença”, onde a pessoa desenvolve idéias de que pode estar com uma doença, geralmente grave, precisando consultar um médico para fazer o diagnóstico e mesmo após a confirmação de que está tudo bem, essas idéias tendem a permanecer. A pessoa, nesse caso, tira conclusões de suas sensações, procurando examiná-las minunciosamente para verificar se esta bem ou não. Diante desse “exame” muitas vezes essas sensações são interpretadas erroneamente, gerando a idéia de uma doença específica.
Esse quadro pode vir acompanhado de intensa ansiedade, prejudicando a vida da pessoa, já que a mesma vive altos e baixos em prol das doenças que julga ter.
Podemos notar que todos os transtorno geram um certo ganho para a pessoa. Neste caso, pessoas que sofreram mudanças em suas vidas no sentido de produtividade e “importância” muitas vezes encontram na hipocondria uma forma de ter a atenção almejada, porém não sem algum sofrimento tanto para a pessoa quanto para os familiares.
O sofrimento e os prejuízos sociais advindos do transtorno configuram uma situação onde o tratamento se faz necessário, buscando a compreensão desse comportamento bem como a melhora dos sintomas para poder recuperar aquilo que foi deixado de lado, seja o convívio com as outras pessoas ou mesmo o trabalho, retomando uma forma de vida mais saudável, estimulando outras formas de comportamento.
Essa atenção se faz necessária o quanto antes para evitar que a hipocondria se torno crônica. Quanto antes o tratamento ocorre, melhores são as chances de sucesso.





viernes, 20 de abril de 2012

Hipomania e sociedade atual


http://aroundthebigworld.tumblr.com/post/21439103401 

Sempre que estamos falando sobre transtornos psicopatológicos percebo uma certa tendência a tentar encontrar as causas em todos os lugares, porém as questões sociais acabam passando um tanto quanto desapercebidas. Embora a maioria das pessoas tenda a acreditar que situações "traumáticas" tendam a provocar problemas psicológicos, essas tais situações geralmente são tidas como extremadas e únicas, esquecendo-se do dia-a-dia da pessoa enquanto participante de uma sociedade com valores e comportamentos bem definidos.
A hipomania pode passar desapercebida, tida apenas como um comportamento social desejável ou características da pessoa. Estamos em um ambiente onde a extroversão é tida como algo necessário e esperado, já que o contrário ( a inibição, timidez) pode trazer diversos problemas para o convívio social do sujeito.
Em uma sociedade onde falar o que pensa, falar com todos sem dificuldades ou pudor algum, ser capaz de fazer muitas atividades ao mesmo tempo e em curto período, estar sempre bem e disponível, estudar, trabalhar, ir a academia, cuidar da casa, da família e ainda cuidar de si são tidos como um dia-a-dia normal e aceitável os sintomas da hipomania passam longe de serem percebidos.
A hipomania pode ser caracterizada como um estado psicológico que antecede os episódios de mania ( aqui tida como uma psicopatologia relativamente mais grave no sentido dos prejuízos a saúde da pessoa). Nesse sentido a mania se apresenta como um estado alterado de comportamento onde a pessoa tende a se sentir muito bem disposta necessitando de menos horas de sono e também de descanso, tendência a falar muito e de maneira rápida, agitação psicomotora, disponibilidade de maior investimento em objetivos pessoais, trabalho, estudos, enfim acaba se engajando energicamente em alguma atividade, aumento da libido, dificuldades de concentração.
Também podemos observar o envolvimento em atividades prazerosas porém com certo comprometimento como fazer compras excessivas e adquirir muitas dívidas, dirigir perigosamente. Comportamentos comumente presentes nos noticiários, afinal na sociedade do consumo, o que interesse mesmo é ter coisas, consumi-las, muitas vezes levando a dívidas que só aumentam.
Os sintomas são muito parecidos com os apresentados na mania porém com menor intensidade, não necessitando de internações ou contenções, porém o tratamento psicológico se torna extremamente necessário a fim de evitar o progresso da psicopatologia bem como evitar os prejuízos advindos dela, buscando restaurar o equilíbrio perdido.

miércoles, 11 de abril de 2012

Esquizofrenia: a pessoa por tras da doença


Sempre em minhas aulas, tento construir junto aos alunos uma visão do humano, da pessoa enquanto falamos dos acometimentos psicopatológicos. Falar de doenças faz com que a pessoa, por vezes, desapareça dando lugar a um conjunto de sintomas com nomenclatura particular. Diante de tudo isso, qual seria, então, o lugar da pessoa e sua diferenciação da doença?
A esquizofrenia se apresenta como um quadro duradouro, persistindo ao longo da vida do sujeito. A pessoa esquizofrênica, possui algumas características relacionadas a doença, podendo desenvolver um estado de afastamento da realidade, pensamentos desorganizados, discurso fragmentado, falta de coerência entre as idéias e até mesmo dificuldades psicomotoras relacionadas a essa desorganização experienciada.
O quadro esquizofrênico costuma ser heterogêneo, ou seja, cada pessoa poderá desenvolver sintomas diferenciados apresentando muitas variações decorrentes disso. Também podemos caracterizar tipos de esquizofrenia : Catatônica, Hebefrênica e Persecutória. Em cada um desses tipos iremos ter a prevalência de um conjunto de sintomas e uma terapêutica também, diferenciada.
Os delírios são freqüentes, constituindo como uma alternativa de “sobreviver” a esse estado de desorganização insustentável. Se caracterizam como uma construção de “histórias” a partir de acontecimentos cotidianos, desejos e demais conteúdos do sujeito. Por vezes, o delírio pode ser persecutório, no sentido da pessoa acreditar que esta sendo seguida, vigiada, criticada e precisar proteger-se disso.
As alucinações auditivo-visuais também podem estar presentes, tendendo a se manifestar em momentos de intenso conflito, buscando fazer frente a uma necessidade do sujeito. Nesse sentido, podemos perceber a alucinação de uma outra pessoa como participante da vida do sujeito, buscando auxilia-lo a enfrentar um conflito específico daquele “momento”.
A incidência do primeiro surto, pode ocorrer na fase da adolescência, onde por si só, se apresenta como uma época do desenvolvimento propicio a conflitos intensos, relacionados a sexualidade, identidade, pertencer a um grupo, entre outros típicos dessa fase.
Após contextualizar o quadro esquizofrênico, como resgatar a pessoa por traz da doença? Existe uma pessoa, com características próprias, com um modo de funcionamento particular, interesses, vontades, expectativas. Uma pessoa que pode ocupar um lugar no contexto social, como participante de uma sociedade, exercendo a cidadania, trabalhando, estudando, se relacionando. Dessa forma, as necessidades e interesses tende a mudar acompanhando o sujeito. O tratamento deve poder propiciar ao paciente lidar com suas dificuldades ao mesmo tempo em que cria condições para que o mesmo possa desenvolver suas potencialidades.



miércoles, 4 de abril de 2012

Autismo




Em plena semana do dia do autismo, achei ser um bom momento para falarmos desse assunto. O autismo é classificado como um transtorno global do desenvolvimento, podendo trazer diversos prejuízos a saúde integral do indivíduo caso não seja compreendido.
A criança autista possui um comportamento de evitação do contato com outras pessoas, estando sempre voltado ao seu mundo particular. Os graus de comprometimento podem variar de casos extremamente graves, onde esse prejuízo acomete muito a vida do sujeito e casos mais brandos onde há possibilidade de uma vida normal, embora com algumas peculiaridades.
Assim como as pessoas são diferentes, os sujeitos autistas também o são, possuindo potencialidades e necessidades singulares. A compreensão dessas particularidades torna-se necessário a um tratamento adequado, que faça frente as necessidades de cada um.
O autismo geralmente se manifesta nos primeiros anos de vida da criança ( antes dos 3 anos de idade) sendo caracterizado por uma “recusa” ao contato social, onde a criança não corresponde aos estímulos sociais praticados pelos pais e cuidadores. Podem apresentar dificuldades de relacionamento, comunicação, compreensão da fala e estereotipias.
As dificuldades relacionadas ao contato social, produzem uma fala descontextualizada, onde não há a intensão de comunicar algo a alguém. O outro, receptor da mensagem, não se encontra acessível.
Os diferentes graus de autismo produzem mudanças quanto a sintomatologia apresentada. Dessa forma, algumas crianças a primeira vista podem não parecer possuir qualquer dificuldade, entretanto outras desenvolvem o mutismo, movimentos estereotipados das mãos, balanços, parecem surdos ( não correspondem aos chamados dos outros), fala repentina e descontextualizada, falta de percepção do outro, insensibilidade aos ferimentos ( pode ferir-se constantemente), falta de percepção e interação com o ambiente, baixa tolerância a mudanças no ambiente e rotina, incapacidade de fazer contato visual.
Diante desse quadro, os pais costumam ser os primeiros a notar que há algo de diferente com a criança, levantando expectativas quanto as dificuldades decorrentes da troca de afetos, quando esta não ocorre. Dessa forma, a estimulação da criança pode ter uma brusca queda, levando a uma piora do quadro, já que os estímulos são extremamente necessários ao desenvolvimento.
As dificuldades de interação social também podem se manifestar de maneira sutil, caracterizando um grau mais brando de autismo. Essas crianças geralmente freqüentam a escola regular mostrando um potencial cognitivo preservado.
O tratamento deve ter seu inicio precocemente, aos primeiros sinais de que algo não vai bem. Dessa forma, torna-se possível possibilitar os estímulos necessários ao desenvolvimento da criança, levando em conta seu potencial e necessidades, assim como as necessidades familiares enquanto cuidadores que precisam se sentir seguros e saudáveis para o sucesso do tratamento.