Sempre em minhas aulas, tento
construir junto aos alunos uma visão do humano, da pessoa enquanto
falamos dos acometimentos psicopatológicos. Falar de doenças faz
com que a pessoa, por vezes, desapareça dando lugar a um conjunto de
sintomas com nomenclatura particular. Diante de tudo isso, qual
seria, então, o lugar da pessoa e sua diferenciação da doença?
A esquizofrenia se apresenta como um
quadro duradouro, persistindo ao longo da vida do sujeito. A pessoa
esquizofrênica, possui algumas características relacionadas a
doença, podendo desenvolver um estado de afastamento da realidade,
pensamentos desorganizados, discurso fragmentado, falta de coerência
entre as idéias e até mesmo dificuldades psicomotoras relacionadas
a essa desorganização experienciada.
O quadro esquizofrênico costuma ser
heterogêneo, ou seja, cada pessoa poderá desenvolver sintomas
diferenciados apresentando muitas variações decorrentes disso.
Também podemos caracterizar tipos de esquizofrenia : Catatônica,
Hebefrênica e Persecutória. Em cada um desses tipos iremos ter a
prevalência de um conjunto de sintomas e uma terapêutica também,
diferenciada.
Os delírios são freqüentes,
constituindo como uma alternativa de “sobreviver” a esse estado
de desorganização insustentável. Se caracterizam como uma
construção de “histórias” a partir de acontecimentos
cotidianos, desejos e demais conteúdos do sujeito. Por vezes, o
delírio pode ser persecutório, no sentido da pessoa acreditar que
esta sendo seguida, vigiada, criticada e precisar proteger-se disso.
As alucinações auditivo-visuais
também podem estar presentes, tendendo a se manifestar em momentos
de intenso conflito, buscando fazer frente a uma necessidade do
sujeito. Nesse sentido, podemos perceber a alucinação de uma outra
pessoa como participante da vida do sujeito, buscando auxilia-lo a
enfrentar um conflito específico daquele “momento”.
A incidência do primeiro surto, pode
ocorrer na fase da adolescência, onde por si só, se apresenta como
uma época do desenvolvimento propicio a conflitos intensos,
relacionados a sexualidade, identidade, pertencer a um grupo, entre
outros típicos dessa fase.
Após contextualizar o quadro
esquizofrênico, como resgatar a pessoa por traz da doença? Existe
uma pessoa, com características próprias, com um modo de
funcionamento particular, interesses, vontades, expectativas. Uma
pessoa que pode ocupar um lugar no contexto social, como participante
de uma sociedade, exercendo a cidadania, trabalhando, estudando, se
relacionando. Dessa forma, as necessidades e interesses tende a mudar
acompanhando o sujeito. O tratamento deve poder propiciar ao paciente
lidar com suas dificuldades ao mesmo tempo em que cria condições
para que o mesmo possa desenvolver suas potencialidades.
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