martes, 30 de octubre de 2012

Bullying: falar e fazer


Todos já ouvimos em algum momento a palavra Bullying, tão falada ultimamente, principalmente no ambiente escolar.

As crianças e adolescentes são o tempo todos orientados por meio de trabalhos, palestras sobre as formas do Bullying, como ele acontece, o que fazer. Mas sempre fico em dúvida quando observo meus alunos, se de fato eles entendem a gravidade do assunto.

O Bullying é uma forma de violência física e psicológica que acontece sucessivas vezes, ou seja, o ato de violência deve ser repetido e regular. O incidente que acontece apenas uma vez, embora ainda seja violência, não é considerado bullying.

Estudos comprovam que os alunos que praticam tais atos, podem ter problemas com a orientação familiar, no sentido de presenciarem cenas de agressão e violência em casa, bem como obterem modelos de comportamento pouco tolerantes os pais e familiares. Dessa forma, acreditam que para se reafirmarem, precisam mostrar-se superiores a alguém. Esse alguém costuma ser diferente dos demais, seja o aspecto físico, seja pelos comportamentos e atitudes. O alvo tende a ser o “diferente”, também o mais fraco.

Embora com tantos exemplos ocorrendo no Brasil, exemplos diários em nossas salas de aula e mesmo diante de tantas orientações, percebo que não tem problema colocar um apelido no colega e ficar o tempo todo chamando-o assim. Tirar sarro repetidamente por algum acontecimento, excluir por alguma diferença, são comportamentos comuns nos adolescentes de hoje.

Para eles, a violência esta lá fora, em quem rouba, mata, mas não dentro da sala de aula, nas brincadeiras muitas vezes infelizes e agressivas que os mesmos praticam diariamente. Mesmo quando os professores alertam, a impressão que dá é de que esse absurdo não acontece ali.

Estamos formando pessoas despreocupadas com a atuação do grupo, o individualismo está se sobressaindo e se o interesse não é seu, por que se preocupar? Percebo que falta tomar contato com a problemática da violência, se colocar no lugar do outro (impossível?), buscar algo melhor a si mesmo e aqueles que estão por perto.

A tarefa dos pais, professores está relacionada à orientação, a dar oportunidade para que cada um possa se desenvolver conforme seu potencial, mas não cabe a nós, escolher pelo outro, mas sim ensinar a responsabilidade.

viernes, 5 de octubre de 2012

SAINDO DA ROTINA: CRIATIVIDADE


 
Cientistas lançam essa semana uma fórmula para a Criatividade, que deve ser tomada diariamente e em doses bem generosas. Todos podem adquiri-la a um preço relativamente baixo e também único a cada pessoa. Para obtê-la basta olhar para si mesmo, um olhar atento para a essência do SER. Ela esta ai, acredite, dentro de você.

Por que é tão difícil para o homem ser criativo? Somos extremamente resistentes em fazer as coisas de um modo diferente daquele que estamos acostumados. Não sentimos segurança em externalizar aquilo que realmente sentimos ou pensamos. Frente a qualquer demanda de “poder fazer aquilo que quiser”, o sentimento de desamparo domina o Ser a ponto de ficarmos paralisados.

A criatividade é uma forma de utilizar ideias e conceitos já existentes, porém de maneiras diferentes da comum. Não precisa necessariamente ser um grande empreendimento tal como o invento do Avião, podendo aparecer no nosso dia-a-dia em pequenas ações e mesmo em ações não tão pequenas.

As crianças tendem a observar o mundo através dos órgãos dos sentidos. Assim, quando uma criança percebe um novo brinquedo, ela o observa, segura, cheira, coloca na boca na tentativa de apreender o máximo possível daquele objeto. Já o adulto, tem uma tendência a catalogar aquilo que percebe do ambiente, dessa forma, ele vê um objeto, faz uma associação de suas características visíveis e o enquadra em um grupo.

Aos poucos vamos deixando de experimentar o mundo livremente, afinal não temos tempo para isso, o trabalho nos chama, já não somos mais crianças para nos divertirmos com coisas simples. Ao abandonarmos a liberdade de experimentar as coisas, também estamos deixando de utilizar nossa criatividade.

A função criativa está relacionada também a imaginação, sentimentos, ao hemisfério direito do cérebro. Já o hemisfério esquerdo é responsável pelo julgamento, correção, regras e normas. Quando deixamos de imaginar, de sentir, de perceber objetos e situações com todos os sentidos que possuímos, também estamos limitando nossa capacidade de fazer novas descobertas, de novas impressões e consequentemente incorremos ao já conhecido.
Podemos ainda estimular essa função de maneira bastante simples e diariamente. Para isso basta fazer as coisas de uma maneira diferente daquela habitual. Ao acordar inverta sua rotina, primeiro tome café da manhã, depois ou banho, alimente-se utilizando a mão esquerda (caso você seja destro, se for canhoto utilize a direita), faça caminhos diferentes para ir ao trabalho, observe os lugares aonde vai, olhe para onde você nunca olha, converse com pessoas diferentes, ouça música, escreva sem se preocupar com as regras, dê-se um tempo de liberdade e experimentação do novo, aos poucos a criatividade fará parte de sua vida com mais afinco.

lunes, 27 de agosto de 2012

Como montar consultório de Psicologia - parte 2



Olá pessoal!!!

Montar um consultório não é tarefa tão simples.
Além da parte da localização, mobiliário, material, ainda temos toda uma parte documental, que não aprendemos na faculdade.
Alías a faculdade de psicologia, não nos prepara para seguirmos carreira como profissionais liberais, não aprendemos como cobrar, que preço colocar nos nossos serviços, como divulgar...o que precisamos ter de documentos.
Me lembro uma vez de perguntar a minha professora e também supervisora, que tipo de documentos ela usava e a resposta foi simplesmente uma ficha com nome, telefone e endereço dos pacientes.
Paciente vai, paciente vem e ai não temos nada documentado sobre o contrato de prestação de serviços, prontuário relatando as sessões, e ai quando o paciente se vai e não acerta o que deve das sessões....problema!

Para começar ficha de anamnese é essencial, uso uma para adulto, outra para adolescente e ainda outra mais detalhada para crianças.
Nessa ficha já está escrito as regras de atendimento, duração das sessões, pagamentos, etc e deve ser assinada.

Tenha um caderno, agenda ou faça no computador um balanço das sessões, valor de consulta, sessões pagas e a pagar de cada paciente. Tem pacientes que atrasam o pagamento e quando vão acertar do mês, já tem as sessões seguintes juntas!!!!

Mantenha atualizada uma ficha com os dados do paciente, nome, endereço, telefone, profissão, etc.

Estipule um valor de consulta, embora ainda possamos combinar com o paciente um valor diferente, sempre diga o valor da sua consulta.

Consultas em domicílio devem ter um valor diferenciado, leve em conta o tempo para chegar até a casa do paciente e os gastos decorrentes da viagem.

Tenha jogos para trabalhar com crianças e adolescentes, você pode comprá-los prontos ou criar. Tenha para isso sempre cartolina, material gráfico, sulfite, tintas, papel crepom e outros tipos de materiais que possam vir a compor jogos.

Histórias e contos, também sao importantes.

Crie um cartão diferente com seus dados, aproveite o verso para dizer as atividades que faz no consultório, tenha também folders explicativos sobre seu trabalho para divulgação.

Leve em todos os lugares que for, agende visitas em clinicas, escolas, empresas, etc.

Muitos pacientes procuram profissionais na internet, mantenha seu endereço e telefone atualizados.



viernes, 27 de abril de 2012

Mania de doença - Hipocondria



Todos nós conhecemos uma pessoa que frenquentemente consulta o médico para poder confirmar se tem alguma doença grave, se tudo esta bem com sua saúde e que após a consulta continua com a idéia de que algo não esta bem mesmo com o parecer médico de que sua saúde está perfeita. Assim, diante dessa negativa, volta a procurar um médico, um novo médico o qual possa fazer o diagnóstico , já que o anterior nada encontrou e os “sintomas” estando ali tão presentes e de fácil visualização.
Diante dos comentários e suspeitas de doenças, aliados a tantas visitas médicas, dá pra desconfiar de que algo realmente não vai bem, porém a doença pode não estar localizada nesses sintomas averiguados pela própria pessoa e sim em outros relacionados a sua saúde psicológica.
A hipocondria pode ser conhecida popularmente como uma “mania de doença”, onde a pessoa desenvolve idéias de que pode estar com uma doença, geralmente grave, precisando consultar um médico para fazer o diagnóstico e mesmo após a confirmação de que está tudo bem, essas idéias tendem a permanecer. A pessoa, nesse caso, tira conclusões de suas sensações, procurando examiná-las minunciosamente para verificar se esta bem ou não. Diante desse “exame” muitas vezes essas sensações são interpretadas erroneamente, gerando a idéia de uma doença específica.
Esse quadro pode vir acompanhado de intensa ansiedade, prejudicando a vida da pessoa, já que a mesma vive altos e baixos em prol das doenças que julga ter.
Podemos notar que todos os transtorno geram um certo ganho para a pessoa. Neste caso, pessoas que sofreram mudanças em suas vidas no sentido de produtividade e “importância” muitas vezes encontram na hipocondria uma forma de ter a atenção almejada, porém não sem algum sofrimento tanto para a pessoa quanto para os familiares.
O sofrimento e os prejuízos sociais advindos do transtorno configuram uma situação onde o tratamento se faz necessário, buscando a compreensão desse comportamento bem como a melhora dos sintomas para poder recuperar aquilo que foi deixado de lado, seja o convívio com as outras pessoas ou mesmo o trabalho, retomando uma forma de vida mais saudável, estimulando outras formas de comportamento.
Essa atenção se faz necessária o quanto antes para evitar que a hipocondria se torno crônica. Quanto antes o tratamento ocorre, melhores são as chances de sucesso.





viernes, 20 de abril de 2012

Hipomania e sociedade atual


http://aroundthebigworld.tumblr.com/post/21439103401 

Sempre que estamos falando sobre transtornos psicopatológicos percebo uma certa tendência a tentar encontrar as causas em todos os lugares, porém as questões sociais acabam passando um tanto quanto desapercebidas. Embora a maioria das pessoas tenda a acreditar que situações "traumáticas" tendam a provocar problemas psicológicos, essas tais situações geralmente são tidas como extremadas e únicas, esquecendo-se do dia-a-dia da pessoa enquanto participante de uma sociedade com valores e comportamentos bem definidos.
A hipomania pode passar desapercebida, tida apenas como um comportamento social desejável ou características da pessoa. Estamos em um ambiente onde a extroversão é tida como algo necessário e esperado, já que o contrário ( a inibição, timidez) pode trazer diversos problemas para o convívio social do sujeito.
Em uma sociedade onde falar o que pensa, falar com todos sem dificuldades ou pudor algum, ser capaz de fazer muitas atividades ao mesmo tempo e em curto período, estar sempre bem e disponível, estudar, trabalhar, ir a academia, cuidar da casa, da família e ainda cuidar de si são tidos como um dia-a-dia normal e aceitável os sintomas da hipomania passam longe de serem percebidos.
A hipomania pode ser caracterizada como um estado psicológico que antecede os episódios de mania ( aqui tida como uma psicopatologia relativamente mais grave no sentido dos prejuízos a saúde da pessoa). Nesse sentido a mania se apresenta como um estado alterado de comportamento onde a pessoa tende a se sentir muito bem disposta necessitando de menos horas de sono e também de descanso, tendência a falar muito e de maneira rápida, agitação psicomotora, disponibilidade de maior investimento em objetivos pessoais, trabalho, estudos, enfim acaba se engajando energicamente em alguma atividade, aumento da libido, dificuldades de concentração.
Também podemos observar o envolvimento em atividades prazerosas porém com certo comprometimento como fazer compras excessivas e adquirir muitas dívidas, dirigir perigosamente. Comportamentos comumente presentes nos noticiários, afinal na sociedade do consumo, o que interesse mesmo é ter coisas, consumi-las, muitas vezes levando a dívidas que só aumentam.
Os sintomas são muito parecidos com os apresentados na mania porém com menor intensidade, não necessitando de internações ou contenções, porém o tratamento psicológico se torna extremamente necessário a fim de evitar o progresso da psicopatologia bem como evitar os prejuízos advindos dela, buscando restaurar o equilíbrio perdido.

miércoles, 11 de abril de 2012

Esquizofrenia: a pessoa por tras da doença


Sempre em minhas aulas, tento construir junto aos alunos uma visão do humano, da pessoa enquanto falamos dos acometimentos psicopatológicos. Falar de doenças faz com que a pessoa, por vezes, desapareça dando lugar a um conjunto de sintomas com nomenclatura particular. Diante de tudo isso, qual seria, então, o lugar da pessoa e sua diferenciação da doença?
A esquizofrenia se apresenta como um quadro duradouro, persistindo ao longo da vida do sujeito. A pessoa esquizofrênica, possui algumas características relacionadas a doença, podendo desenvolver um estado de afastamento da realidade, pensamentos desorganizados, discurso fragmentado, falta de coerência entre as idéias e até mesmo dificuldades psicomotoras relacionadas a essa desorganização experienciada.
O quadro esquizofrênico costuma ser heterogêneo, ou seja, cada pessoa poderá desenvolver sintomas diferenciados apresentando muitas variações decorrentes disso. Também podemos caracterizar tipos de esquizofrenia : Catatônica, Hebefrênica e Persecutória. Em cada um desses tipos iremos ter a prevalência de um conjunto de sintomas e uma terapêutica também, diferenciada.
Os delírios são freqüentes, constituindo como uma alternativa de “sobreviver” a esse estado de desorganização insustentável. Se caracterizam como uma construção de “histórias” a partir de acontecimentos cotidianos, desejos e demais conteúdos do sujeito. Por vezes, o delírio pode ser persecutório, no sentido da pessoa acreditar que esta sendo seguida, vigiada, criticada e precisar proteger-se disso.
As alucinações auditivo-visuais também podem estar presentes, tendendo a se manifestar em momentos de intenso conflito, buscando fazer frente a uma necessidade do sujeito. Nesse sentido, podemos perceber a alucinação de uma outra pessoa como participante da vida do sujeito, buscando auxilia-lo a enfrentar um conflito específico daquele “momento”.
A incidência do primeiro surto, pode ocorrer na fase da adolescência, onde por si só, se apresenta como uma época do desenvolvimento propicio a conflitos intensos, relacionados a sexualidade, identidade, pertencer a um grupo, entre outros típicos dessa fase.
Após contextualizar o quadro esquizofrênico, como resgatar a pessoa por traz da doença? Existe uma pessoa, com características próprias, com um modo de funcionamento particular, interesses, vontades, expectativas. Uma pessoa que pode ocupar um lugar no contexto social, como participante de uma sociedade, exercendo a cidadania, trabalhando, estudando, se relacionando. Dessa forma, as necessidades e interesses tende a mudar acompanhando o sujeito. O tratamento deve poder propiciar ao paciente lidar com suas dificuldades ao mesmo tempo em que cria condições para que o mesmo possa desenvolver suas potencialidades.



miércoles, 4 de abril de 2012

Autismo




Em plena semana do dia do autismo, achei ser um bom momento para falarmos desse assunto. O autismo é classificado como um transtorno global do desenvolvimento, podendo trazer diversos prejuízos a saúde integral do indivíduo caso não seja compreendido.
A criança autista possui um comportamento de evitação do contato com outras pessoas, estando sempre voltado ao seu mundo particular. Os graus de comprometimento podem variar de casos extremamente graves, onde esse prejuízo acomete muito a vida do sujeito e casos mais brandos onde há possibilidade de uma vida normal, embora com algumas peculiaridades.
Assim como as pessoas são diferentes, os sujeitos autistas também o são, possuindo potencialidades e necessidades singulares. A compreensão dessas particularidades torna-se necessário a um tratamento adequado, que faça frente as necessidades de cada um.
O autismo geralmente se manifesta nos primeiros anos de vida da criança ( antes dos 3 anos de idade) sendo caracterizado por uma “recusa” ao contato social, onde a criança não corresponde aos estímulos sociais praticados pelos pais e cuidadores. Podem apresentar dificuldades de relacionamento, comunicação, compreensão da fala e estereotipias.
As dificuldades relacionadas ao contato social, produzem uma fala descontextualizada, onde não há a intensão de comunicar algo a alguém. O outro, receptor da mensagem, não se encontra acessível.
Os diferentes graus de autismo produzem mudanças quanto a sintomatologia apresentada. Dessa forma, algumas crianças a primeira vista podem não parecer possuir qualquer dificuldade, entretanto outras desenvolvem o mutismo, movimentos estereotipados das mãos, balanços, parecem surdos ( não correspondem aos chamados dos outros), fala repentina e descontextualizada, falta de percepção do outro, insensibilidade aos ferimentos ( pode ferir-se constantemente), falta de percepção e interação com o ambiente, baixa tolerância a mudanças no ambiente e rotina, incapacidade de fazer contato visual.
Diante desse quadro, os pais costumam ser os primeiros a notar que há algo de diferente com a criança, levantando expectativas quanto as dificuldades decorrentes da troca de afetos, quando esta não ocorre. Dessa forma, a estimulação da criança pode ter uma brusca queda, levando a uma piora do quadro, já que os estímulos são extremamente necessários ao desenvolvimento.
As dificuldades de interação social também podem se manifestar de maneira sutil, caracterizando um grau mais brando de autismo. Essas crianças geralmente freqüentam a escola regular mostrando um potencial cognitivo preservado.
O tratamento deve ter seu inicio precocemente, aos primeiros sinais de que algo não vai bem. Dessa forma, torna-se possível possibilitar os estímulos necessários ao desenvolvimento da criança, levando em conta seu potencial e necessidades, assim como as necessidades familiares enquanto cuidadores que precisam se sentir seguros e saudáveis para o sucesso do tratamento.


miércoles, 25 de enero de 2012

O vício do trabalho: Workaholic



O termo “Workaholic” designa uma pessoa viciada em trabalho, ou seja, uma compulsão pelo trabalho, onde o indivíduo embora reconhecendo os excessos não consegue diminuir a carga de trabalho.

O fenômeno Workaholic pode ser entendido a partir de variáveis pessoais e também do contexto social. Assim, essas pessoas podem desenvolver uma necessidade de auto-realização, de certa forma intensificada, dispendendo alto nível de dedicação para atingir seus objetivos. Há também uma questão relacionada a competição, onde a pessoa entra nessa situação competitiva com alta motivação de conquistar prestígio, cargo melhor, alto salário, etc.

O workaholic pode tentar suprir no trabalho uma necessidade de aceitação pelo outro, dessa forma, através do sucesso profissional, o sujeito conquistaria certo status social.

Quanto ao contexto social, as mudanças advindas com a revolução industrial causaram grande impacto nas atividades profissionais. Passou-se a exigir mais dos funcionários, principalmente relacionado a cargos mais altos.

O mundo moderno, altamente competitivo, instável está atendo aos anseios, aspirações, desejos, sonhos, ambições, das pessoas e a partir de suas exigências organizacionais, buscam ter um trabalhador mais absorvido e integrado, onde a dedicação integral a empresa está se tornando regra para o sucesso na carreira gerencial.

Essas exigências levaram ao aumento da carga horária de trabalho bem como do envolvimento tanto físico quanto psicológico do profissional para poder atender as demandas organizacionais, porém não é só no meio organizacional que vemos esse fenômeno acontecer. O workaholic pode estar presente em diversas profissões e contextos sempre com algumas características em comum:

  • gastam uma grande parte de seu tempo em atividades de trabalho, dando mais importância para ele e abdicando de outros aspectos sociais como a família, amigos, lazer, entre outros;
  • tendem a pensar freqüentemente em assuntos de trabalho, mesmo quando não estão efetivamente trabalhando;
  • trabalham muito além do que é razoavelmente esperado para o cargo que ocupam, ou do que para atender suas necessidades econômicas básicas.
Dessa forma, a vida pessoal fica extremamente complicada, relevada a segundo ou terceiro plano. Podemos pensar em algumas perguntas relacionadas a essa situação:Quando é que pessoas com esse perfil se prejudicam? Havendo prejuízo, como mudar a situação?

Os prejuízos advindos desse comportamento são sentidos mais a longo prazo e para melhorar isso, os comportamentos presentes precisam ser alterados.

Alguns indicativos de que há comportamentos a serem alterados:

  • Dificuldades em comunicar-se com a família;
  • Autoridade e respeito obtido via discussões tensas;
  • Família afetivamente distante, e/ou afetivamente carente;
  • Diminuição do conhecimento sobre o dia-a-dia dos filhos, esposa/marido e amigos (você é o último a saber, ou descobre os fatos só depois que já ocorreram e foram resolvidos sem sua ajuda);
  • Diminuição do número de amigos e da freqüência com que os vê, acompanhado ou não por reclamações sobre sua ausência (“sumido, hein?”) ou por desistência de lhe procurarem;
  • Diminuição do conhecimento e/ou participação em atividades não-profissionais de sua preferência, como leitura de livros não-técnicos, ida a cinema, teatro, exposições, esportes, e assim por diante;
  • Sinais de fadiga física (alterações no sono, no apetite e no humor, stress, gastrite, aftas, dores nas costas, diminuição da capacidade de concentração);
Para ser capaz de mudar os comportamentos atuais e entender o motivo dessa necessidade crescente de dedicar-se ao trabalho, muitas vezes a pessoa pode precisar de ajuda. Assim, a psicoterapia pretende fornecer a ajuda necessária em prol da saúde do sujeito.

miércoles, 18 de enero de 2012

Organizando o tempo




O tempo mudou, mudou o ano, mudou a tecnologia, os relacionamentos e também as pessoas. Mudou também a forma de encararmos o tempo em questão de aproveitar as oportunidades durante o dia, já que com o advento da tecnologia ficou mais rápido fazer algumas coisas.
Se antes demorávamos o dia todo para pode falar com alguém e resolver um problema, hoje em segundos, através do email resolvemos isso e muito mais. Ganhamos tempo com isso, porém também passamos a fazer mais coisas durante o dia e a ser exigido que as coisas também sejam resolvidas cada vez mais depressa.
Com tanta coisa e tanta facilidade as vezes encontramos dificuldades em organizar nossa rotina diária e ai não dá tempo!
Tempo, algo precioso. Precisa ser utilizado com cuidado e organização.
Algumas dicas para auxiliar a organizar o tempo durante a semana:

Listar as tarefas: faça uma lista com todas as atividades que você deverá cumprir durante aquele dia. Vá colocando no papel o que vier na sua cabeça, sem preocupação com a ordem. Vasculhe a mente para saber se não foi esquecido nada;
Estabelecer as prioridades: agora você deve organizar seu lista de tarefas seguindo a ordem de importância e urgência. O mais importante vem primeiro;
Estipular tempo para cada tarefa: calcule quanto tempo em média você levaria para executar cada atividade e anote. Dê uma tolerância de 15 minutos ou mais, de acordo com o que achar melhor, para finalização delas;
Determine sua hora de descanso: entre um punhado e outro de tarefas, adicione um intervalo de tempo para descansar seu cérebro. Separe cerca de 20 minutos para ler algo, acessar a internet, conversar sobre assuntos de interesse ou mesmo dormir um pouco (especialistas dizem que tirar pequenos espaços de tempo para dormir deixa a mente mais relaxada e diminui o estresse durante o dia);

Leve consigo sua lista: coloque sua listagem na agenda, computador ou mesmo em um pedaço de papel. O que importa é que suas anotações sempre estejam à mão e você possa consultar várias vezes ao dia ou quando desejar;
Tente realizar, pelo menos, metade das tarefas: busque executar todas as tarefas importantes e boa parte das tarefas menos urgentes. Seja sincero consigo e não trapaceie, estará prejudicando a si mesmo.
Organize o dia de amanhã: antes de terminar o expediente, verifique o que não pode ser feito e inclua no que deverá ser realizado no dia seguinte.
Uma rotina diária bem organizada auxilia na utilização do tempo. Dessa forma, você conseguirá ter tempo para resolver os problemas e também para outras atividades incluindo o laser. Aos poucos essa lista pode ser feita mentalmente e ficará mais fácil lidar com as adversidades que podem surgir durante o dia ou semana.
Organização é também um hábito a ser exercitado, quanto mais fizer, menos trabalho irá ter. Deve ser iniciado na infância e continuar ao longo da vida. 

miércoles, 11 de enero de 2012

Como montar um consultório de psicologia

Muitos psicólogos recém formados tem a idéia de montar seu consultório, mas quantas dúvidas não vem junto!!!


Após algum tempo de formada e depois de algumas tentativas não tão bem sucedidas, tentarei passar um pouco da minha experiência na clínica.


Já subloquei sala por período, por hora e hoje tenho a minha sala.
Quando você está iniciando muitas vezes não tem muito dinheiro para investir em mobília e outras coisas, afinal tem que direcionar os recursos. Uma boa opção é sublocar uma sala por hora, o valor fica em torno de R$ 15,00 a R$ 20,00. Tendo um paciente você liga no consultório e agenda aquele horário e paga por ele somente.
Assim, não tem aquele compromisso de pagar por horas que não esta de fato utilizando.
Uma outra opção é sublocar por período, geralmente de 5 horas que podem ser na parte da manha, tarde ou noite. Assim como na opção anterior, você terá a sua disposição uma sala prontinha, mobiliada.
Essa opção acaba sendo um pouco mais dispendiosa e muitas vezes você não consegue utilizar todo o tempo disponível!!
Quanto a alugar uma sala é necessário escolher bem a localização, pois quanto mais fácil o acesso melhor para sua clientela.
Essa opção traz uma certa tranquilidade quanto aos horários, pois você fica livre para estipular os horários disponíveis e quando irá atender, porém demanda um investimento maior em mobília e também gastos um pouco mais altos com aluguel e demais despesas da clínica onde a sala fica localizada.


Quanto a conquista da clientela é necessário fazer divulgação do seu trabalho. Comece pelos cartões, folders, artigos para jornais, visitas a escolas, distribuição do material de divulgação a colegas, amigos, parentes e outros profissionais. Essa é uma conquista lenta, aos poucos conforme for divulgando, as pessoas começam a procurar o trabalho e a trazer mais pessoas.


A mobília necessária depende do tipo de trabalho a ser feito. Como atendo como psicóloga e psicopedagoga escolhi os seguintes itens:
2 poltronas
1 divã
tapete
mesa entre as poltronas com abajur
bau ( para material de estudo)
caixa lúdica
caixa psicopedagógica
mesa
duas cadeiras
outra mesa com abajur
estante
artigos de decoração ( almofadas, quadros, persiana, moringa com água, etc)


A sala precisa ser convidativa, aconchegante. A disposição dos móveis varia de acordo com a necessidade.


A parte da documentação exigem inscrição como profissional autônomo ( feita na prefeitura da cidade), inscrição na vigilância sanitária, inscrição INSS e CRP. Dentre tudo isso há taxas a serem recolhidas.


Além de tudo ainda é importante fazer tanto análise quanto supervisão dos casos atendidos.








viernes, 6 de enero de 2012

A cura pelas Histórias

A criança se utiliza muito dos aspectos imaginativos para poder se expressar e também como forma de dar conta de algo do qual ainda não possuem repertório suficiente para poder ter uma compreensão adequada.
As situações cotidianas geram expectativas e muitas dúvidas a respeito do que é cada coisa, os sentimentos, a maneira de se relacionar com as pessoas, etc. O aprendizado da vida em sociedade se dá gradualmente, sendo ensinado primeiramente na família da criança, depois se estende a escola e também as experiências da criança em relação as outras pessoas.
Os conflitos advindos das mais diversas situações muitas vezes não encontram uma maneira de serem expressos e compreendidos pela criança. Para ela as histórias contadas pelos pais, professores, terapeuta acabam por desempenhar um papel importante na construção dos significados e do aprendizado afetivo. Sejam elas inventadas na hora, ou mesmo contos famosos, as histórias trazem em si situações por vezes muito parecidas com aquilo que a criança esta vivenciando, proporcionando a possibilidade de outras formas de solução da situação conflituosa.
O uso de histórias nos tratamento psicoterapeutico tem se mostrado muito efetivo. Dessa forma, as questões trazidas pela criança são compreendidas pelo terapeuta que se utiliza da base da situação conflituosa e de personagens importantes à criança para elaborar uma história específica para aquela criança. Essa história deve ser capaz de expressar os conflitos que a criança não consegue denominar, além de apresentar uma possível solução para a situação.
A repetição dessas histórias em diversos momentos do dia, inclusive quando solicitada pela criança auxilia-a a construir uma nova perspectiva a respeito daquilo que a esta afligindo, encontrando novas soluções, novos desfechos e possibilidades.
Nessa perspectiva, os pais desempenham um papel importante, no sentido de ampliar o tratamento feito no consultório, dando o suporte necessário ao aprendizado infantil. As histórias recontadas em casa e sua continuação também são importantes para a manutenção da saúde psicológica infantil.

Quando nasce uma mãe

A mulher tem o desejo de ser mãe, talvez desde sua infância, quando brincava de boneca, ou então este surge algum tempo depois, quando está com uma pessoa de quem realmente gosta e a vontade de ter uma família, filhos começa a aparecer e até mesmo mais tarde, depois que já estudou bastante, trabalhou bastante, está casada ou não, o desejo desponta. Não importa quando ele aparece, mas assim que começamos a pensar em nos tornar mães algo muda.

A gravidez é um período de mudanças físicas, psicológicas, onde todo o ser começa a experimentar coisas diferentes, algumas deliciosas, outras nem tanto. É uma fase de intensas nuances, altos e baixos. Em alguns momentos estamos felizes totalmente, já em outros com medo, assustadas com a responsabilidade de ser mães e com a falta de experiência ( se for mãe pela primeira vez). Ter um outro filho traz expectativas por vezes diferentes e estas não vão ser abordadas nesse momento, já que estamos tratando do início da experiência de ser mãe!

Será que passamos a ser mães na concepção, na gravidez ou quando o bebê nasce?

A resposta pode variar um pouco, algumas mulheres se tornam mães quando o desejo de ser começa, outras somente quando vem o bebê. A experiência é diferente para cada uma.

São tantas coisas a fazer, tantas coisas a preparar, se preparar para a chegada do bebê. A expectativa frente a tantas coisas é crescente, a ansiedade acompanha tudo. Após tantos preparativos, às vezes a incompreensão da família frente a esses sentimentos e necessidades acaba contribuindo para que a gestante se sinta deprimida. Ao contrário, o apoio e a compreensão auxiliam, na construção dessa etapa que esta por vir.

O parto, a amamentação os cuidados com o bebê são situações novas que podem vir acompanhadas pelo medo, até mesmo o medo de como será estar sem o bebê dentro da barriga.

O primeiro contato com o bebê, ver o rosto, o corpo, de quem são os traços físicos, tudo isso contribui para que a mãe estabeleça um vínculo com o bebê, que agora está do lado de fora e conta com ela para suprir todas as suas necessidades, demandando muita disposição, equilíbrio e responsabilidade frente a essas novas exigências.
Os primeiros dias ainda são um período de altos e baixos, de adaptação a essa nova realidade, as demandas que dela provém e muitas vezes, embora preparada para tudo isso a mãe pode se sentir cansada, desamparada, afinal ela também precisa de acolhimento, carinho, afeto e a família deve estar presente para poder apoiá-la nesse momento, fornecendo a “energia” de que ela precisa para assumir o novo papel.

Quando a mulher se torna mãe não é de um momento a outro e sim uma construção psicológica que vai sendo feita à medida que vai experimentando o contato com o desejo de ser mãe, a gravidez, o bebê e a nova família constituída, esse tempo é de cada pessoa e deve ser vivido com cuidado a fim de proporcionar crescimento, desenvolvimento, saúde.

Transtorno Obsessivo- Compulsivo

Há alguns anos a televisão exibe uma série de destaque chamada “ MONK – um detetive diferente”, onde o personagem Monk, depois da morte de sua mulher se vê em uma situação um tanto difícil, afastado do trabalho ( ele é detetive) porém continua auxiliando seu departamento nas investigações e também na descoberta do fato ocorrido ( quase todas as vezes ele acerta).
Embora a série tenha um tom de comédia e todas as dificuldades do detetive sejam utilizadas a seu favor, fazendo um trabalho excepcional. Os sintomas apresentados por ele nada tem de divertidos e muitas vezes atrapalham mais do que auxiliam.
O transtorno obsessivo-compulsivo é um transtorno de ansiedade caracterizado por pensamentos incontroláveis, indesejáveis e repetitivos além de rituais, onde a pessoa acometida pelo transtorno, necessita repetir certa seqüência de ações em tarefas cotidianas. Nesse caso, antes de poder deitar-se é necessário verificar se fechou a porta da frente por 3 vezes, testando sua fechadura vez após outra. Algumas pessoas podem ter dificuldades em andar em calçadas onde não se pode pisar na “risca” do piso, outras necessitam tocar nos postes das muretas sem deixar passar um só que seja ou mesmo lavar as mãos insistentemente a ponto de machucá-las.
A pessoa que tem o transtorno obsessivo-compulsivo não consegue resistir a esses pensamentos e atos repetitivos, que podem se manifestar de maneira fóbica e urgente, compelindo o sujeito à ação de maneira compulsiva.
Os pensamentos, idéias e imagens aparentemente incontroláveis são nomeados de pensamentos obsessivos. Geralmente não fazem sentido e tendem a “aparecer” repentinamente causando grande angústia na pessoa, que tenta evita-los porém sem saber como faze-los cessar.
Já as compulsões referem-se aos comportamentos repetitivos, que podem ser uma tentativa de eliminar os pensamentos obsessivos. Dessa forma, na presença da fobia o sujeito pode desenvolver rituais necessários a sua higienização sendo necessários repeti-los constantemente a fim de não se contaminar. Esses comportamentos acabam por gerar grande ansiedade e na impossibilidade de controle das obsessões a pessoa acaba por entrar em um ciclo vicioso onde as compulsões estimulam as obsessões e vice-e-versa, causando um enorme sofrimento e dificultando as tarefas mais simples do dia-a-dia.
As pessoas que desenvolvem o transtorno podem responder a um ou mais itens dessas categorias:

  • Os higiênicos : Tem medo de contaminação desenvolvendo compulsões de limpeza ou lavagem das mãos.
  • Os verificadores : Verificam repetidamente as coisas (forno desligado, porta trancada, etc). Estas pessoas associam os comportamentos ao dano ou perda.
  • Os céticos e os pecadores :Estas pessoas têm medo de que se tudo não for perfeito ou então feito, algo terrível acontecerá .
  • Os contadores e consertadores são obcecados com a ordem e simetria : Eles podem ter superstições sobre determinados números, cores, objetos.
  • Os armazenadores : Estas pessoas têm medo de que algo ruim vai acontecer se jogarem alguma coisa fora. Eles guardam coisas que não precisam nem usam.
Alguns pensamentos obsessivos podem incluir os seguintes itens:
  • Medo de ser contaminado por germes ou sujeira ou outros contaminantes
  • Medo de causar dano a si mesmo ou a outros
  • Pensamentos intrusivos e/ou imagens de sexo explícito ou violento
  • Foco excessivo sobre as idéias religiosas ou morais
  • Medo de perder ou não ter as coisas que você pode precisar
  • Ordem e simetria: a idéia de que tudo deve estar alinhado “de determinada forma”
  • Superstições, excessiva atenção para algo considerado com de sorte ou de azar.
Enquanto que os comportamentos compulsivos podem dizer respeito a:
  • Excesso de controle das coisas, como fechaduras, eletrodomésticos e interruptores.
  • Repetidamente fazer verificações a entes queridos para se certificar de que eles estão seguros.
  • Contagem, batidas, repetição de certas palavras, ou fazer outras coisas sem sentido para reduzir a ansiedade.
  • Passar muito tempo na lavagem ou limpeza.
  • Encomendas excessivas, arranjar as coisas, arrumar as coisas excessivamente.
  • Orar excessivamente ou a prática de rituais religiosos provocado pelo medo.
  • Acumulação de “lixo”, tais como jornais velhos, revistas e embalagens vazias de comida, ou outras coisas que você não vê utilidade.
Os comportamentos apresentados pelos sujeitos acometidos pelo transtorno obsessivo-compulsivo fazem parte da vida das pessoas, porém a intensidade dos sintomas é que determina o saudável do patológico. Assim, podemos verificar se desligamos o ferro de passar ou deixamos a porta aberta, mas a intensidade desses comportamentos e pensamentos é que vai dizer o quão saudável estamos. À medida que esses comportamentos passam a interferir de forma negativa na vida do sujeito é que o tratamento deve ser procurado, a fim de auxiliar o sujeito a modificar comportamentos, pensamentos e atitudes encontrando uma forma diferente de “viver”.
O tratamento para o transtorno obsessivo-compulsivo deve acontecer de maneira médico-farmacológico, no sentido de auxiliar no controle dos sintomas apresentados pela pessoa, possibilitando uma condição favorável a psicoterapia. Nesse sentido, o psicólogo deve atuar junto ao paciente procurando construir novos referenciais internos para que a pessoa possa lidar com a ansiedade, compreender melhor o que esta se passando para poder estabelecer maneiras mais saudáveis de se relacionar com o “mundo” e lidar com as expectativas advindas dessa relação, adquirindo novos repertórios de comportamentos e conduta que possibilitem “substituir” os comportamentos psicopatológicos.

Dislexia e processo de Aprendizagem

O estudo a respeito do processo de aprendizagem e das condições propícias para tal em nível grupal e individual, tem contribuído para a construção de um ambiente escolar mais voltado as necessidades “reais” e singulares dos alunos, bem como a compreensão das dificuldades apresentadas durante esse percurso.
O aprendizado não ocorre de forma homogênea, ou seja, em uma sala com trinta alunos, haverá divergências quanto à construção do conhecimento. Para realizar essa construção, as informações recebidas precisam ser “transportadas” e correlacionadas às atividades do cotidiano da pessoa.
A dislexia pode ser definida como um transtorno de aprendizagem que envolve a área de leitura, escrita e soletração, acometendo crianças com nível de inteligência normal. Acredita-se que cerca de 3% a 8% das crianças são disléxicas.
Algumas crianças aprendem a ler e escrever com muita facilidade, enquanto outras apresentam uma dificuldade crescente que envolve também a  compreensão do que o professor está solicitando. Essas crianças tentam escrever,  porém os erros na estrutura das palavras se apresentam cada vez mais pronunciados. Aprender a grafia das letras exige que a criança consiga decifrar fonemas isolados das palavras que ela conhece, prestando atenção em apenas uma parte do som da palavra e ainda acreditar que o sinal gráfico seja o próprio som.
A grafia das palavras não segue exatamente a mesma forma da pronúncia dessa mesma palavra. Existem muitas variedades, regras e exceções. Quando escrevemos “s”, “c” ou “ç” ?  “Qu” com som de “q” ? “Final” com “l” mas som de “u” ?
Quando a criança reconhece o sinal como imagem ou mesmo tomam o que o professor fala ao “pé-da-letra”, podem surgir dificuldades. O professor deve estar atento a essas particularidades, bem como outros sinais que possam surgir, tais como troca de letras e procurar trabalhar o processo de leitura e escrita em um período de tempo amplo e adequado a essas necessidades apresentadas.
Alguns sintomas que a criança pode apresentar:
Pré-escola:
  •  Imaturidade no trato com outras crianças;
  •  Dificuldades no desenvolvimento da atenção;
  •  Atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem;
  •  Atraso no desenvolvimento visual;
  •  Dificuldade em aprender rimas e canções;
  •  Dificuldade no desenvolvimento da coordenação motora;
  •  Dificuldade com quebra-cabeças;
  •  Falta de interesse por livros impressos;

Idade escolar

  • Pobre conhecimento de rima e aliterações;
  • Desatenção e dispersão;
  • Dificuldade em copiar de livros ou da lousa;
  • Dificuldade na coordenação motora fina (desenhos, pintura, etc.) e/ou grossa (ginástica, dança, etc.);
  • Desorganização geral;
  • Dificuldades visuais (desordem dos trabalhos no papel e a própria postura da cabeça ao escrever);
  • Confusão entre direita e esquerda;
  • Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas;
  • Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou sentenças longas e vagas;
  • Dificuldade na memória de curto prazo (como instruções, recados);
  • Dificuldade em decorar seqüências ( meses do ano, alfabeto);
  • Dificuldade na matemática e desenho geométrico;
  • Problemas de conduta como: retração, timidez excessiva, depressão;
  • Ótimo desempenho em provas orais;
O diagnóstico da dislexia é bastante complexo visto que pode surgir uma gama de outros sintomas que aparentemente não tem relação com a o transtorno, porém podem estar intimamente relacionados. A observação deve ser feita com base nos erros de escrita e também em outros aspectos como a percepção estrutural, esquema corporal, capacidade compreensão do que é dito, capacidade expressão verbal, capacidade global de orientação e demais aspectos.
Para tanto, há necessidade de encaminhamento precoce aos profissionais para diagnóstico e tratamento. Por vezes, contando com uma equipe constituída por psicólogo, psicopedagogo e fonoaudiólogo. O tratamento deve ser baseado nas necessidades individuais a pessoa, contemplando suas dificuldades e também potencialidades. À medida que o tratamento ocorre e a criança percebe seu próprio desenvolvimento, os sintomas de baixa auto-estima e demais correlacionados tendem a diminuir, proporcionando maior segurança e motivação quanto ao processo de aprendizagem.