viernes, 6 de enero de 2012

Transtorno Obsessivo- Compulsivo

Há alguns anos a televisão exibe uma série de destaque chamada “ MONK – um detetive diferente”, onde o personagem Monk, depois da morte de sua mulher se vê em uma situação um tanto difícil, afastado do trabalho ( ele é detetive) porém continua auxiliando seu departamento nas investigações e também na descoberta do fato ocorrido ( quase todas as vezes ele acerta).
Embora a série tenha um tom de comédia e todas as dificuldades do detetive sejam utilizadas a seu favor, fazendo um trabalho excepcional. Os sintomas apresentados por ele nada tem de divertidos e muitas vezes atrapalham mais do que auxiliam.
O transtorno obsessivo-compulsivo é um transtorno de ansiedade caracterizado por pensamentos incontroláveis, indesejáveis e repetitivos além de rituais, onde a pessoa acometida pelo transtorno, necessita repetir certa seqüência de ações em tarefas cotidianas. Nesse caso, antes de poder deitar-se é necessário verificar se fechou a porta da frente por 3 vezes, testando sua fechadura vez após outra. Algumas pessoas podem ter dificuldades em andar em calçadas onde não se pode pisar na “risca” do piso, outras necessitam tocar nos postes das muretas sem deixar passar um só que seja ou mesmo lavar as mãos insistentemente a ponto de machucá-las.
A pessoa que tem o transtorno obsessivo-compulsivo não consegue resistir a esses pensamentos e atos repetitivos, que podem se manifestar de maneira fóbica e urgente, compelindo o sujeito à ação de maneira compulsiva.
Os pensamentos, idéias e imagens aparentemente incontroláveis são nomeados de pensamentos obsessivos. Geralmente não fazem sentido e tendem a “aparecer” repentinamente causando grande angústia na pessoa, que tenta evita-los porém sem saber como faze-los cessar.
Já as compulsões referem-se aos comportamentos repetitivos, que podem ser uma tentativa de eliminar os pensamentos obsessivos. Dessa forma, na presença da fobia o sujeito pode desenvolver rituais necessários a sua higienização sendo necessários repeti-los constantemente a fim de não se contaminar. Esses comportamentos acabam por gerar grande ansiedade e na impossibilidade de controle das obsessões a pessoa acaba por entrar em um ciclo vicioso onde as compulsões estimulam as obsessões e vice-e-versa, causando um enorme sofrimento e dificultando as tarefas mais simples do dia-a-dia.
As pessoas que desenvolvem o transtorno podem responder a um ou mais itens dessas categorias:

  • Os higiênicos : Tem medo de contaminação desenvolvendo compulsões de limpeza ou lavagem das mãos.
  • Os verificadores : Verificam repetidamente as coisas (forno desligado, porta trancada, etc). Estas pessoas associam os comportamentos ao dano ou perda.
  • Os céticos e os pecadores :Estas pessoas têm medo de que se tudo não for perfeito ou então feito, algo terrível acontecerá .
  • Os contadores e consertadores são obcecados com a ordem e simetria : Eles podem ter superstições sobre determinados números, cores, objetos.
  • Os armazenadores : Estas pessoas têm medo de que algo ruim vai acontecer se jogarem alguma coisa fora. Eles guardam coisas que não precisam nem usam.
Alguns pensamentos obsessivos podem incluir os seguintes itens:
  • Medo de ser contaminado por germes ou sujeira ou outros contaminantes
  • Medo de causar dano a si mesmo ou a outros
  • Pensamentos intrusivos e/ou imagens de sexo explícito ou violento
  • Foco excessivo sobre as idéias religiosas ou morais
  • Medo de perder ou não ter as coisas que você pode precisar
  • Ordem e simetria: a idéia de que tudo deve estar alinhado “de determinada forma”
  • Superstições, excessiva atenção para algo considerado com de sorte ou de azar.
Enquanto que os comportamentos compulsivos podem dizer respeito a:
  • Excesso de controle das coisas, como fechaduras, eletrodomésticos e interruptores.
  • Repetidamente fazer verificações a entes queridos para se certificar de que eles estão seguros.
  • Contagem, batidas, repetição de certas palavras, ou fazer outras coisas sem sentido para reduzir a ansiedade.
  • Passar muito tempo na lavagem ou limpeza.
  • Encomendas excessivas, arranjar as coisas, arrumar as coisas excessivamente.
  • Orar excessivamente ou a prática de rituais religiosos provocado pelo medo.
  • Acumulação de “lixo”, tais como jornais velhos, revistas e embalagens vazias de comida, ou outras coisas que você não vê utilidade.
Os comportamentos apresentados pelos sujeitos acometidos pelo transtorno obsessivo-compulsivo fazem parte da vida das pessoas, porém a intensidade dos sintomas é que determina o saudável do patológico. Assim, podemos verificar se desligamos o ferro de passar ou deixamos a porta aberta, mas a intensidade desses comportamentos e pensamentos é que vai dizer o quão saudável estamos. À medida que esses comportamentos passam a interferir de forma negativa na vida do sujeito é que o tratamento deve ser procurado, a fim de auxiliar o sujeito a modificar comportamentos, pensamentos e atitudes encontrando uma forma diferente de “viver”.
O tratamento para o transtorno obsessivo-compulsivo deve acontecer de maneira médico-farmacológico, no sentido de auxiliar no controle dos sintomas apresentados pela pessoa, possibilitando uma condição favorável a psicoterapia. Nesse sentido, o psicólogo deve atuar junto ao paciente procurando construir novos referenciais internos para que a pessoa possa lidar com a ansiedade, compreender melhor o que esta se passando para poder estabelecer maneiras mais saudáveis de se relacionar com o “mundo” e lidar com as expectativas advindas dessa relação, adquirindo novos repertórios de comportamentos e conduta que possibilitem “substituir” os comportamentos psicopatológicos.

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